quarta-feira, 17 de março de 2021

Empresas japonesas oferecem aumentos salariais mais baixos devido à pandemia

O coronavírus afetou especialmente as companhias do setor de serviços

menores aumentos salariais
As empresas japonesas devem oferecer os menores aumentos salariais em oito anos com o encerramento das negociações trabalhistas nesta quarta-feira (17), em um sinal de que a pandemia de Covid-19 está colocando um fim aos benefícios trazidos pelas políticas de estímulo do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe.

Nos últimos sete anos, as principais empresas ofereceram aumentos salariais de 2% ou mais em negociações anuais na primavera, em um esforço do governo para acabar com a deflação. As políticas de Abe, apelidadas de "Abenomics", visavam salários melhores, entre outras reformas, para ajudar a levantar a economia.

A escassez de mão de obra no país devido a uma população que envelhece rapidamente também estimulou as empresas a oferecerem salários mais altos para atrair funcionários bem qualificados.

Mas a pandemia do coronavírus afetou especialmente as empresas do setor de serviços, como restaurantes, transporte, hotéis, lazer e turismo, forçando-as a priorizar a segurança no emprego ao invés dos aumentos salariais anuais, dizem analistas.

“Muitas empresas estão contando com subsídios do governo para segurar empregos em meio à queda nos lucros. Se a situação durar mais, mais e mais empresas podem despedir trabalhadores”, disse Yoshiki Shinke, economista-chefe do Dai-ichi Life Research Institute.

“Nos últimos anos, os sindicatos tiveram uma vantagem clara sobre as empresas, pois enfrentavam uma crise de mão de obra. A pandemia mudou tudo isso, forçando os empregadores e sindicatos a priorizar a segurança no emprego ao invés do aumento salarial.”

As negociações salariais anuais servem como um barômetro da força corporativa e do poder de compra das famílias, ambos necessários para gerar crescimento econômico sustentável e atingir a meta de inflação de 2% do banco central.

Muitas empresas e sindicatos reduziram ou renunciaram a aumentos salariais básicos - um fator-chave para determinar a força dos ganhos de funcionários efetivos.

Os sindicatos automotivos, que têm forte influência nas negociações salariais em todo o país, reduziram ou abriram mão da demanda por aumentos salariais. Os sindicatos de maquinários elétricos também buscaram aumentos salariais mais baixos em comparação com os níveis do ano passado.

Sindicatos trabalhistas de setores duramente atingidos pela pandemia, como as companhias aéreas, arquivaram as demandas por aumentos salariais.

“À medida que os lucros corporativos se deterioram e a incerteza permanece quanto às perspectivas, a administração provavelmente será cautelosa” ao responder às demandas dos sindicatos por salários mais altos, disse Koya Miyamae, economista sênior da SMBC Nikko Securities.

Algumas empresas estão mudando de aumentos salariais gerais para uma abordagem mais variada sobre a remuneração. Muitas delas adotaram salários baseados no mérito, em vez de tempo de trabalho, para atrair jovens talentosos.

Toyota
A Toyota Motor disse nesta quarta-feira que concordou com um aumento salarial médio anual de ¥9.200 por mês a partir de 1º de abril.

O reajuste foi o mesmo que o sindicato havia exigido e maior do que o aumento salarial no ano passado de ¥8.600 por mês.
Fonte: Alternativa com Reuters 

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