Pesquisa do Banco do Japão ressalta os danos que a pandemia de coronavírus causou à economia japonesa
A confiança dos fabricantes japoneses caiu no segundo trimestre para os níveis mais baixos desde a crise financeira global de 2009, mostrou a pesquisa Tankan do Banco do Japão (BOJ) divulgada nessa quarta-feira (1º). O resultado ressalta os danos que a pandemia de coronavírus causou à economia japonesa, dependente de exportação.
Segundo a agência Kyodo, o principal índice trimestral que mede a confiança das empresas, como fabricantes de automóveis e eletrônicos caiu de -8 em março para -34 em junho, pior do que a previsão média do mercado para -31 e o nível mais baixo desde junho de 2009.
A expansão global do Covid-19 forçou muitos fabricantes a interromperem temporariamente a produção devido à paralisação das cadeias de suprimentos e à diminuição na demanda por produtos, com todos os 16 setores registrando quedas em relação ao trimestre anterior.
A produção doméstica de oito grandes montadoras japonesas caiu 61,8% em maio, para 287.502 veículos, em comparação com o ano anterior, devido ao fechamento de fábricas e à fraca demanda, disseram as empresas na segunda-feira.
O sentimento entre as montadoras caiu 55 pontos para -72 em junho, o segundo número mais fraco desde junho de 2009, quando registrou -79, devido à queda na demanda por produtos em todo o mundo.
“As indústrias em geral pareciam ter sido duramente afetadas por um forte declínio na demanda, ressaltando os extensos danos causados pela pandemia de coronavírus”, disse Hiroshi Shiraishi, economista do BNP Paribas Securities.
Em junho, o BOJ decidiu aumentar ainda mais suas medidas de apoio corporativo de 75 trilhões de ienes para 110 trilhões de ienes, alinhados com o segundo orçamento extra de 31,91 trilhões de ienes do governo para estimular a economia, incluindo novos programas com foco na assistência a pequenas empresas.
No entanto, a pesquisa mostrou que muitas empresas japonesas permanecem em um estado econômico grave em meio a preocupações com uma possível segunda onda do vírus.
O índice que mede o sentimento dos grandes não-fabricantes, caiu para -17 em junho, a pior leitura desde dezembro de 2009.
As grandes empresas esperam aumentar as despesas de capital em 3,2% no ano até março de 2021, excedendo as estimativas de mercado de um ganho de 2,1%, mas inferiores aos planos feitos três meses atrás.
“Há uma chance de as grandes empresas revisarem seus planos de gastos”, disse Shinichiro Kobayashi, economista da Mitsubishi UFJ Research and Consulting à Reuters. “O ritmo de qualquer recuperação econômica será lento.”
Em um sinal de que a melancolia está afetando o mercado de trabalho, as empresas esperam reduzir em 5,6% as novas contratações no ano fiscal de 2021, em relação a um ano atrás, o que seria a primeira queda desde 2010.
O sentimento de confiança de restaurantes, hotéis e fabricantes de máquinas também atingiu recordes mínimos.
Somente o setor de varejo registrou um aumento em relação ao trimestre anterior entre as 12 categorias não manufatureiras, registrando uma leitura de 2 contra menos 7 em março.
A demanda cresceu para compras on-line e alguns aparelhos eletrônicos, como computadores pessoais necessários para o teletrabalho, em meio a pedidos do governo para que as pessoas ficarem em casa, informou um funcionário do BOJ.
Quanto às perspectivas, o índice para grandes fabricantes deve se recuperar levemente para menos 27 nos próximos meses, em meio às expectativas de que a disseminação de infecções por vírus seja contida, embora muitas empresas continuem cautelosas sobre uma possível segunda onda, acrescentou o funcionário.
Fonte: Alternativa