quarta-feira, 31 de março de 2010

Sem medo de recomeçar

Aos 54 anos, brasileiro aprende nova profissão e está pronto para voltar ao mercado

No primeiro dia de trabalho de janeiro de 2009, o paulistano Seiko Shiira, 54, chegou à fábrica onde trabalhava e foi comunicado sobre o corte dos funcionários. Foi um triste início de ano novo. Mas ao comparecer à Hello Work de Hamamatsu (Shizuoka) para dar entrada no seguro-desemprego, viu alguns folhetos em português e decidiu aprender um novo serviço sem se preocupar com a idade. Até então, nos 14 anos em que vive no Japão, sempre havia trabalhado com prensa em indústrias de autopeças.
O primeiro folheto que Shiira encontrou era sobre o curso grátis do idioma japonês Chance! Nihongo, ministrado pela Hice (Fundação para Comunicação e Intercâmbio de Hamamatsu). Lá estava Shiira de volta ao banco escolar, com lápis, borracha e caderno em mãos.
Hoje são réguas milimétricas e esquadros de precisão que Shiira manipula. Isso porque, ao concluir o Chance! Nihongo, decidiu encarar o desafio de sse ubmeter aos testes para ingressar no curso de torneiro mecânico do Colégio Técnico de Hamamatsu, em setembro do ano passado. “Tinha 17 japoneses inscritos, o único brasileiro era eu e fiquei surpreso quando me aprovaram”, conta. “Teve teste de katakana, hiragana, kanji, matemática, mas acredito que o mais importante foi a entrevista, porque mostrei força de vontade em aprender uma nova profissão.”
O curso começou em outubro e está previsto para encerrar em março. Durante o período de aprendizado, Shiira recebe da Hello Work uma ajuda de pouco mais de 100 mil ienes mensais para se manter por estar desempregado. Basicamente as aulas práticas são ministradas em um torno mecânico convencional, fresadora e torno de controle numérico NC para usinagem de peças.
O objetivo é formar técnicos habilitados para trabalhar nas indústrias de maquinarias e manufatura de peças. “No meu dia a dia de curso, o professor e os colegas me ajudam muito, pois é a primeira vez que vejo esses desenhos técnicos. É preciso interpretá-los, regular o torno de acordo com as especificações técnicas e fresar o metal até o acabamento final. Em seguida, com réguas de precisão, checar se estão dentro da medida-padrão”, explica.
Ao concluir o curso, o Colégio Técnico de Hamamatsu poderá indicar os formandos para as empresas. “Não existe promessa de emprego”, diz Shiira. “Mas com as indicações, terei uma chance a mais para encontrar uma colocação no mercado de trabalho”, conclui.
Fonte: Nippo Brasil, reportagem: Osny Arashiro/IPC
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