Um dos principais motivos da ida de brasileiros para o Japão é o alto índice salarial do país. Com a crise econômica, a realidade mudou: o salário pago ficou menor e houve uma diminuição nas horas extras, reduzindo os rendimentos mensais dos dekasseguis.
Com essa redução de salário, os brasileiros se viram obrigados a mudarem seus hábitos de consumo e tiveram que reaprender a economizar. Até pouco tempo atrás, era comum ver brasileiros gastando em restaurantes, carros, viagens e ainda assim conseguiam juntar dinheiro.
Mário Goto, morador de Yatomi, presenciou essa situação na fábrica em que trabalhava. Ele afirma que só conseguiu se manter no Japão graças ao corte de gastos que estabeleceu. Ele conta, como exemplo, que passou a andar de bicicleta – poupava combustível e ainda ajudava em sua saúde.
A aromaterapeuta Kátia Sakugawa possui um negócio voltado para brasileiros. Ela sentiu diretamente a queda no consumo dos dekasseguis, já que seus rendimentos caíram mais de 50%. A alternativa encontrada foi voltar a morar com os pais, que também possuíam uma pequena horta, da qual eles retiravam seu próprio alimento.
Já Priscila Kiguti e seu marido possuíam uma vida estabilizada, e por isso gastavam bastante. Viagens, carros, roupas e jantares faziam parte da vida do casal. Eles já planejavam viajar para a França quando Priscila teve uma redução de 100 mil ienes em seu salário. Ela afirma que não imaginava que teriam uma crise como essa, e se diz feliz por ter adiado a viagem. Os hábitos do casal mudaram: passaram a comer em casa, lavar as roupas com água do ofurô, reduziram gastos com telefone e compras. Ela afirma que eles aprenderam a economizar.
O futuro em relação aos salários é incerto, mas os dekasseguis tem esperança que a situação melhore.
Fonte: ABD - associação brasileira de dekasseguis