quinta-feira, 9 de junho de 2011

Etiqueta japonesa para brasileiros é o diferencial de curso oferecido em convênio com a Hello Work em Nagoya

Brasileiros participam de curso para atender clientes japoneses
Uma grande dificuldade das empresas brasileiras é agradar o exigente mercado japonês. Muito do que já existe hoje, parece insuficiente. Para atrair os clientes os clientes japoneses não basta apenas colocar placas e dominar o idioma. É preciso saber também como atendê-los, e pra isso é importante conhecer pelo menos um pouco da cultura e dos costumes.

Foi pensando nisso, que o empresário Cláudio Akiyama teve a ideia de criar um curso que ensinasse a etiqueta para o bom atendimento no Japão. Depois de testemunhar a crise de desemprego na indústria, que afetou a comunidade, ele procurou a Hello Work atrás de subsídios para ajudar os brasileiros a entrar no setor de comércio e serviços no arquipélago.

Cíntia Fujikami foi uma das que resolveu trocar de área. Essa decisão ela tomou só depois da crise. “A gente ouve muito as pessoas falando que não vai haver melhoras, e se melhorar, vai ser um pouquinho, e depois vai decair, e voltar tudo novamente. Eu não queria só ficar em fábrica também, queria aprender outras coisas”, relata.

Ainda são poucas as pessoas que pensam como Cíntia. “Uma parcela pequena, creio que estão agindo na prática para tentar entender melhor o Japão, adquirir mais técnicas e capacitação para obter mais competitividade no mercado, e, por conseguinte a integração na sociedade, pois o Japão é um país de formalidades”, explica Claudio Akiyama. Essas regras sociais são ensinadas no curso. Na primeira aula de etiqueta, os alunos aprendem coisas básicas, como postura, cumprimento e como se portar numa entrevista de emprego.

Segundo a professora, que já deu aulas para funcionários de uma grande rede de lojas de departamentos, não existe segredo pra impressionar o entrevistador: basta seguir certas regras, como por exemplo, na hora de se sentar. Existe até o lado certo de ficar junto à cadeira antes do entrevistador pedir para o candidato se sentar. Logo depois da primeira aula, Cíntia descobriu por que não foi aceita numa entrevista de emprego feita recentemente.

“Soube que eu não poderia ir com cabelo solto, que a forma de sentar principalmente e que nós mulheres no Brasil costumamos cruzar as pernas e aqui não pode”, constata Cíntia. A principal diferença entre japoneses e brasileiros é a cultural, diz a professora Chiharu Yamamoto.

“Para os nativos, não preciso explicar muitas regras que fazem parte da etiqueta. No caso de alunos estrangeiros, é diferente. É necessário falar o porquê de cada gesto ou ação, e às vezes, até o contexto histórico, para que eles possam entender melhor”, conta.

Para o aluno Miki Shimabukuro, muitas dessas regras não se aprendem no dia-a-dia. Às vezes, o exemplo tirado do cotidiano pode não ser a forma correta de atender um cliente. “Por exemplo, é um detalhe que é bobinho, mas a gente pensa que é normal. Esticar a palavra irashaimaseeee, arigatou goizaimashitaaaaa, não precisa fazer isso. No caso de etiqueta, numa grande empresa é até falta de educação, mas são coisas que para a gente não é”, comenta.

Amanda Abe e o marido abriram um restaurante, com a intenção de não se restringir ao público brasileiro. “Pela experiência que nós já tivemos, nós não conseguimos atingir o público japonês. Realmente aprendemos que tudo que sabíamos não era o adequado para estar buscando o público japonês, e agora com a técnica estamos nos sentindo muito mais seguros”, avalia.

Além de etiqueta, os alunos têm aulas de japonês e aprendem noções básicas de informática. Antes da formatura, eles visitam o comércio nas redondezas da escola para um rápido estágio. O curso têm a duração de quatro meses, e é subsidiado pela Hello Work. Quem está desempregado e atende aos requisitos da agência pública de empregos, pode receber a ajuda mensal de 100 mil ienes durante o período das aulas.

O material didático, que custa cerca de 13 mil ienes, deve ser pago pelo aluno, assim como os custos de transporte e alimentação. As inscrições para a próxima turma serão abertas em julho na Hello Work, e as aulas estão previstas para começarem no mês de setembro.
Fonte: IPC Digital
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